O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (27) os dados do Censo Demográfico de 2022, revelando uma queda histórica na taxa de fecundidade das mulheres brasileiras e o adiamento da maternidade. A pesquisa, que analisou o grupo de mulheres com idades entre 15 e 49 anos, mostra uma média nacional de 1,55 filho por mulher — número bem abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1.
Segundo o levantamento, a taxa de fecundidade no Brasil vem caindo desde os anos 1960, quando a média era de 6,28 filhos por mulher. Em 1970, o número já havia recuado para 5,76, em 1991 foi para 2,89, chegando a 1,90 em 2010 e atingindo o patamar atual em 2022.
A pesquisadora Marla Barroso, do IBGE, explica que essa queda começou pelas regiões mais desenvolvidas, como o Sudeste, especialmente entre mulheres urbanas e com maior escolaridade. Em 2022, a menor taxa foi registrada justamente no Sudeste (1,41), seguida pelo Sul (1,50) e Centro-Oeste (1,64). Já o Norte do país teve a maior taxa (1,89), com destaque para Roraima, o único estado a superar a média de reposição, com 2,19 filhos por mulher.
Entre os estados com menores índices de fecundidade estão o Rio de Janeiro (1,35), Distrito Federal (1,38) e São Paulo (1,39).
Além da queda na taxa, o Censo também mostra que as mulheres estão engravidando mais tarde. A idade média da maternidade passou de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. A maior média foi registrada no Distrito Federal (29,3 anos), enquanto o Pará teve a menor (26,8 anos).
Outro dado revelador é o aumento de mulheres que não tiveram filhos até o fim do período fértil. Entre aquelas com idades entre 50 e 59 anos, o percentual de mulheres sem filhos subiu de 10% em 2000 para 16,1% em 2022.
O IBGE aponta que fatores como escolaridade, religião, raça e condições econômicas influenciam diretamente na decisão de ter filhos.
As transformações demográficas indicadas pelo Censo 2022 evidenciam mudanças significativas na estrutura familiar brasileira e trazem reflexos diretos na formulação de políticas públicas para saúde, educação, previdência e assistência social.
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